EDUCAFRO entra com ação na Justiça contra CBF e Conmebol para combater o racismo no futebol da América Latina

A EDUCAFRO Brasil, organização da sociedade civil que atua na defesa dos direitos da população negra, deu um importante passo na luta contra o racismo no futebol. A entidade entrou com uma Ação Civil Pública contra a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e contra a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). O objetivo é cobrar das duas instituições mais responsabilidade e ação firme diante dos diversos casos de racismo que acontecem nos estádios da América Latina.

De acordo com a EDUCAFRO, o que se vê com frequência é um padrão de omissão por parte dessas entidades. Mesmo quando ocorrem atos claros de racismo, as punições são brandas, quase simbólicas, e não há medidas concretas para impedir que isso continue acontecendo. O futebol, que deveria ser um espaço de união e respeito entre os povos, tem sido palco de ataques racistas a jogadores, torcedores e profissionais negros, muitas vezes diante das câmeras e com pouca ou nenhuma consequência para os agressores.

A ação judicial movida pela EDUCAFRO busca uma indenização no valor de R$ 750 milhões, que representa cerca de 20% do faturamento anual das duas instituições. Esse valor, se obtido, será destinado ao Fundo de Reconstituição dos Bens Lesados, como forma de reparação coletiva para a comunidade afro-brasileira e para o financiamento de ações concretas de combate ao racismo.

Um dos casos citados no processo é o do jovem Luighi Hanri Sousa Santos, jogador sub-20 do Palmeiras, que foi vítima de ofensas racistas durante uma partida da Libertadores Sub-20, organizada pela Conmebol. Durante o jogo, um torcedor do Cerro Porteño foi flagrado imitando sons e gestos de macaco. Mesmo com imagens claras do ato, a Conmebol aplicou apenas uma multa de 50 mil dólares ao clube e punição de portões fechados. Para a EDUCAFRO, essa resposta é fraca e mostra o quanto a entidade não leva a sério a luta antirracista.

Além disso, a ação também menciona uma declaração polêmica do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, que durante um sorteio oficial disse que “uma Libertadores sem brasileiros é como Tarzan sem Chita”. A fala, segundo a EDUCAFRO, reforça estereótipos racistas e é incompatível com a responsabilidade de quem ocupa um cargo de liderança no futebol internacional.

O coordenador jurídico da EDUCAFRO Brasil, Dr. Sandro Luís Silva Santos, reforça que o processo é uma forma de mostrar que a população negra não aceitará mais o silêncio e a impunidade diante de ofensas raciais. “Não podemos permitir que o racismo continue sendo tratado como algo menor. Entrar na Justiça é um direito e também uma forma de transformar a realidade”, afirmou.

O diretor executivo da ONG, Frei David Santos OFM, também lembra que a CBF é corresponsável por aquilo que acontece nos torneios organizados em parceria com a Conmebol. “O racismo no futebol brasileiro e sul-americano é recorrente e sistemático. A CBF tem sido omissa, e chegou o momento de exigir dela uma postura firme e uma atuação concreta no combate a essa violência”, destacou.

A ação ainda solicita que a Conmebol estabeleça representação legal no Brasil, para que possa ser formalmente responsabilizada por suas decisões e condutas em território nacional.

Essa iniciativa da EDUCAFRO é um exemplo claro de como é possível lutar por justiça através dos caminhos legais. O processo não é apenas uma cobrança financeira, mas sim um grito coletivo contra a normalização do racismo nos campos de futebol da América Latina. A expectativa é que essa ação ajude a criar precedentes que levem as entidades esportivas a mudarem de postura e passem a adotar ações reais e firmes contra qualquer forma de discriminação racial.

By King post

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